O carnaval é uma palavra polifônica; para
alguns é sinônimo de refúgio do cotidiano nos dias da folia ( palavra de origem
francesa, folie, que significa loucura, no carnaval uma loucura que pode ser
boa... de médico, poeta e louco todos temos um pouco), para outros um período para
viajar e curtir as férias, para a maioria das pessoas no Brasil o carnaval
significa festa, moda, estilo, beleza, divertimento e uma experiência
potencialmente transformadora. Seguramente pode-se afirmar que o carnaval é uma
festa coletiva, de grandes grupos, um movimento ordenado (Virgem) e coletivo
(Aquário), seja nas ruas ou salões, quando as pessoas se reúnem para brincar:
esta intenção de se reunir para brincar agrega vários atributos de alguns
signos (a atmosfera de festa leonina e libriana, o fôlego e resistência para
festejar durante três dias com a inspiração taurina, geminiana, canceriana -
brincar é algo da criança e da infância -
e potencialmente transformadora devido aos apelos escorpionianos em cada
pessoa para esta transformação revivida coletivamente (Peixes - Aquário) desde que haja uma postura (Sagitário) de
experimentar coisas novas e alegres de maneira amorosa. Multidões se reúnem
para brincar, este é o mantra do carnaval. Multidões e grupos se formam para
brincar e não para destruir, ou protestar, ou perturbar: a intenção é estar no
presente e no agora e brincar (Aquário e Peixes). Não me refiro ao carnaval enquanto
repetição de cerca de quatro dias de atividade coletiva mas de uma oportunidade
para diversão e alegria de várias maneiras. Os signos que exercem muita
influência no coletivo mais que no indivíduo são vigentes. Acompanhar e participar dos desfiles (em
blocos, em clubes, salões, na ruas - melhor ainda -, nas escolas de samba - uma
grande experiência) é uma vivência marcante desde que nossa criança interior (
Áries - Aquário) se manifeste plenamente (Peixes). Ir com uma criança aos
bailes de carnaval infantis é uma vivência fascinante. Uma energia (Aquário) se manifesta nestes dias
de maneira mais intensa: é o fim de um ciclo de um ano, o encerramento de um
ciclo do zodíaco, coincidindo geralmente com o verão e com os signos que
exercem maior influência quando as pessoas são o coletivo, esta vivência da
alternância eu - coletivo marcantes em Sagitário, Capricórnio, Aquário e
Peixes, um relaxamento existencial para um novo ciclo de vida recomeçar. Este
quarteto de signos se realça mas os outros dois quartetos também estão bem
presentes: eles preparam esta festa que é o movimento da vida e do zodíaco - um
movimento em espiral e eterno. Eu considero que o momento no zodíaco configura
as condições do carnaval brasileiro iniciando-se esta configuração em um
atividade de Sagitário (o futuro, a
abertura à criatividade, o entusiasmo sem emotividade), Capricórnio (a
concretização de Sagitário), Aquário (a energia, o voltar-se para as pessoas e
o grupo coletivo impessoalmente) e Peixes ( a dissolução e percepção do todo e
do tudo, em tudo e em todo, que aparece
fragmentado em nossa habitual percepção cotidiana, a dissolução do indivíduo,
desde a etapa de Áries (os primeiros passos do sujeito) em dirção ao grupo, no
coletivo e na humanidade, como um rio flui para o mar, com a consciência da
semelhança entre todas as pessoas e a consciência e respeito das diferenças
entre as pessoas), dissolução temporária mas integral nos momentos
inesquecíveis e nos insights (Aquário) acerca da vida e da finitude (a
quarta-feira de cinzas) que dançando e
cantando conscientemente e inconscientemente percebemos e nos entregamos. Este
último aspecto é curioso pois no carnaval utilizamos e nos vestimos com uma
segunda pele (o inconsciente, Peixes). Esta segunda pele pode ser as roupas de
fantasia que vestimos, as fantasias que imaginamos e podemos realizar, a
alegria de dançar e celebrar, sabendo que é carnaval , uma energia vibrante e
súbita (Aquário), uma festa que como toda festa se conclui, esta na
quarta-feira de cinzas mas com uma
sensação de ter vivido e desfrutado a festa ( Leão - Peixes) como uma bênção. Os
dois quartetos preparam o ano inteiro esta festa: depois dos primeiros passos
(sementes) de Áries e sua germinação em Touro ( a matéria, o conforto), a vida
do pensamento e da comunicação (Gêmeos), as emoções da infância (Câncer) e sua
organização amorosa em Leão, uma
reorganização cotidiana em Virgem e uma abertura para as outras pessoas em
Libra seguida da elaboração da vida interior através das crises de Escorpião...
emerge Sagitário apontando o futuro, neste sentido apontando para um carnaval
de celebração da alegria de viver. Cada etapa e cada passo devem ser
percorridos integralmente para o carnaval ser genuinamente transcendente e
transcedental.
A mutante moda admite todas as cores e
formas, é uma moda colorida, de fortes
tons, com alegre atmosfera, compondo um figurino variado e múltiplo, um
figurino livre em expressão, por vezes tradicional e folclórico (O Pierrot e a
Colombina, a rainha e os súditos, os príncipes, princesas, formas inusitadas e
futuristas (Aquário)), os personagens folclóricos e os da imaginação
(individual e coletiva) figurinos decorrentes da marcante tradição e da força da arte que por ser arte
não admite limites em sua expressão. O
estilo é único e permanente: o estilo lúdico e narrativo, seja ao cantar
pequenas e inesquecíveis marchinhas de carnaval ou desenvolver enredos
tradicionais, folclóricos ou inovadores: a música, a voz humana, o corpo (a
dança) e uma história para cantar...para o mundo, para quem quiser e puder
participar, em uma grandiosa coreografia. A participação pode ocorrer mesmo se
uma pessoa enfrentar circunstãncias adversas: o espírito de carnaval é vivido
individualmente e coletivamente. Mas o carnaval é eminentemente um evento
coletivo. E um evento onde a beleza se manifesta plenamente.
O trânsito e a atual permanência de Netuno
em Peixes - por mais de uma década - é o que destaco pois expressa a
espiritualidade necessária em um mundo em crise. O carnaval quando
conscientemente vivenciado - sem drogas, sem álcool, com sabedoria e amor -
lança esperança e uma onda de boa energia para o mundo contemporâneo e longe de
ser uma alienação eu reafirmo que mesmo na guerra e na tragédia, sobretudo
nestas circunstâncias, o amar e a alegrar-se com as pessoas é a maior ousadia que eu conheço e o
fundamento seguro para reinventar o futuro a partir do presente e do passado,
fortalecendo uma inabalável confiança na bondade humana iluminada pela fé
(Sagitário - Aquário).
O carnaval assim como descrevi e concebo é
um milagre e um ato de fé, esta harmonia que alterna indivíduo e grupo,
indivíduo e seu semelhante, indivíduo e o mistério da vida e da finitude.
Celebrar é transcender a finitude e as humanas limitações e aflições sem
desconsiderá-las, sem fazer de conta, ousadamente reverenciando o amor.
No Brasil o carnaval não é alienação, não
é uma versão da ópera: esta é para
raros, já o carnaval é do povo e o povo somos todos nós, prenúncio de
revigorado reinício (Aries).
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