por Luiza Azancot - membro nº15
Quando perguntam à
astróloga “o meu signo é bom ou mau?”,
respondo que todos os signos podem ser expressos de forma positiva ou negativa
e não há um melhor do que outro. Mas eu, Luiza, tenho preferências: gosto
imenso do Aquário. Ainda bem, porque o Sol está nesse signo desde 19 de Janeiro
e até 18 de Fevereiro.
A necessidade
arquetípica do Aquário é de liberdade e de obter novas perspectivas com
mudanças e progresso. Está ligado às invenções e à tecnologia. As personagens
aquarianas são de uma certa forma rebeldes, revolucionários, têm espirito
aberto e poucos preconceitos. Tanto podem ser altruístas e humanitários como
originais e excêntricos ou acumulando ambas facetas.
O símbolo de Aquário
parece uma corrente eléctrica e a imagem clássica ligada à constelação representa
uma figura humana canalizando a sabedoria do céu para a Terra.
O planeta Urano regente
de Aquário foi descoberto em 1781 por Sir William Herschel. Foi o primeiro
planeta descoberto através da tecnologia de ponta da altura – o telescópio. Há
milénios que não se batizava um planeta e dar-lhe nome foi um processo
complicado. Herschel quis baptizá-lo com o nome do rei George III, Georgium Sidus, ou com o seu próprio
nome. Os outros astrónomos não acharam bem. O astrónomo alemão que estudou a
orbita deste novo planeta, Johann Bode (um Aquário nascido a 19 de Janeiro)
sensatamente sugeriu Urano, nome do deus que na mitologia reinava sobre o céu e
era pai do deus Saturno. Em 1789 foi descoberto um novo elemento baptizado “urânio”
e a partir daí, Úrano foi a denominação mais usada por astrónomos e astrólogos
e desde 1850 a única.
Em termos físicos o
planeta Urano revela excentricidade (característica de aquário) porque a sua inclinação
é de mais de 90°. Isto é, gira sobre si mesmo na horizontal e não na vertical como
todos os outros. Em termos astrológicos começou-se a verificar também uma anomalia:
ao contrário dos outros planetas, cuja energia se assemelha à mitologia do deus
respectivo, a energia do planeta Urano sincrónica com o comportamento humano e
assuntos mundanos nada tem a ver com a mitologia de deus do mesmo nome.
Em 1978, Richard
Tarnas, psicólogo, historiador, astrólogo e filósofo americano tem uma inspiração
e propõe a mitologia de Prometeu para a compreensão do Úrano astrológico. Mais
tarde escreve uma monografia “Prometheus the Awakener” que aconselho a todos os
estudantes de astrologia.
O titã Prometeu era um
herói que se rebelou contra os deuses e lhes roubou o segredo fogo para o dar à
raça humana permitindo assim o seu progresso e civilização. Foi o primeiro
humanitário! Zeus, furioso, castigou Prometeu aprisionando-o contra um rochedo
onde todos os dias uma águia gigante lhe ia comer um bocadinho de fígado. Este martírio
durou até que Hercules o libertou e matou a águia.
Tarnas não liga muito
à parte sangrenta do mito mas sim ao lado rebelde e humanitário e aponta cheio
de razão que a energia de Úrano também coincide com a do período em que foi descoberto:
a primeira revolução industrial, a revolução francesa e a declaração da independência
dos Estados Unidos.
Olhando para fenómeno
cultural dessa época, o Romantismo (1770 – 1840), constato que o mito de
Prometeu aparece na obra literária de expoentes do espírito romântico, tendo alguns deles fortes qualidades
aquarianas e/ou uranianas.
·
Goethe com Úrano
em Aquário oposto a Mercúrio escreve o poema “Prometheus” em 1774 mas só publicado
em 1789.
·
Lord Byron nascido
em 1788 com Sol, Vénus, Saturno e Plutão em Aquário escreve “Prometheus” em
1816.
·
Mary Shelley
nascida em 1797 com o Sol conjunto a Úrano publica Frankenstein em 1818 com o subtítulo
“The Modern Prometheus”.
·
O seu marido,
Percy Shelley, nascido em 1792 e também com Sol conjunto a Úrano escreve “Prometheus
Unbound” em 1820. Os seus escritos foram tão revolucionários que Gandhi afirmou
ter sido influenciado por ele.
Estes sincronismos
levam-me a acreditar que Richard Tarnas tem toda a razão e que a mitologia de
Prometeu é essencial na compreensão de Aquário e Urano.
O mito e a sua ligação
à energia aquariana estava bem vivo quando um século mais tarde John D.
Rockefeller Jr., nascido a 29 de Janeiro de 1874 com Sol, Vénus, Mercúrio e
Saturno em Aquário em oposição a Úrano escolheu como símbolo de progresso para
o seu moderníssimo Rockfeller Center em Nova Iorque a escultura de Prometeu que
muitos dos meus leitores já admiraram. Agora olharam com novos olhos!
No próximo post
falarei dos meus Aquários favoritos.
Gostei muito e aprendi demais Luiza!
ResponderEliminarUm beijo agradecido.
Olá Luiza
ResponderEliminarBelo texto. Gostei muito e sobretudo à referência de um dos grandes pensadores da actualidade: Richard Tarnas. Já o mencionei na minha Cova do Urso.
Vou deixar aqui este breve mas significativo apontamento sobre Tarnas:
«Este foi o homem que, numa entrevista ao New York Times, e quando confrontado com a pergunta habitual se os astros determinam a nossa vida, perguntou ao entrevistador “Que horas são?”, que lhe respondeu atónito “Meio dia e meia.” “Como sabe isso?” perguntou Richard Tarnas. Ao que o entrevistador respondeu: “Olhando para o relógio.” “Acha que foram os ponteiros do relógio que causaram a hora?” A resposta foi óbvia – não. Foi quando o filósofo e astrólogo explicou: “Pois sucede o mesmo com os astros. Não causam nada. São ponteiros que nos permitem tomar nota das horas do cosmos. Porque somos cosmos em forma humana! Nós somos o modo que o cosmos usa para se sentir consciente de si mesmo.”»
'Tarnas no Cova do Urso'