Paraíso pessoal - por Luiza Azancot

O sol estava a nascer sobre o lago Washington, Seattle, quando o meu filho bateu à porta do meu quarto. "Mãe, está acordada?... está o dia perfeito para ir “paddle board”, quer vir? "Sim, estava acordada, sim, quero ir e, sim, estava um dia perfeito.

Temperatura suficientemente amena para ir de t-shirt  e shorts, os tons rosados ​​do sol nascente em contraste com o azul do céu e da água, não havia vento, mas sim uma quietude sem carros e sem barcos a acelerar os motores. Não havia ninguém por perto (a pessoazinha no stand up paddle board sou eu) apesar de estar na cidade que estava prestes a acordar onde se encontram a Microsoft, a Amazon, a Google e a Boeing.


Pensei: "estou no paraíso!" Outras pessoas discordariam sobretudo aquelas que não gostam de se levantar às 6 da manhã ou de se equilibrar numa prancha podendo cair ao lago ou para quem  um ambiente urbano é angustiante.  Para mim, estes momentos passados num estado de beatitude constituíram a minha versão de paraíso. Enquanto pagaiava de volta à realidade, resolvi comentar a noção de paraíso pessoal numa perspectiva astrológica.


Para os que tiveram uma educação cristã a imagem de paraíso está gravada para sempre como a do Jardim do Éden, onde Adão e Eva viviam em perfeita felicidade antes do pecado original. A semelhança com o meu paraíso pessoal é só a temperatura... Adão e Eva andavam nus, portanto, deve ter sido ideal. À medida que crescemos a imagem bíblica do paraíso é substituída por uma definição mais ampla: um lugar ou estado de beatitude, de felicidade ou alegria. Para mim, andar de “paddle board” naquela manhã foi o gozo de um lugar paradisíaco e um estado de espírito de felicidade.

Nesse dia ao jantar, pedi a várias pessoas para descreverem a sua versão de paraíso sem misturar relacionamentos. Todos eles mencionaram proximidade com a água em diversas formas (praia, rio, piscina e mar). Não é à toa que Neptuno é o planeta associado com paraíso.

Neptuno era o deus romano equivalente ao grego Poseidon. A mitologia conta que três irmãos, Zeus / Júpiter, Hades / Plutão e Poseidon / Neptuno depois de terem deposto o seu pai Cronos / Saturno dividiram o Universo entre si. Júpiter ficou com o céu, Plutão com o mundo subterrâneo e Neptuno com os mares. O símbolo astrológico de Neptuno é o tridente de Poseidon.


Saturno é o planeta mais ligado à realidade e sabemos que o paraíso representa uma fuga às realidades desagradáveis ​​da vida. No paraíso não existe pobreza, fome, guerra, nem injustiças. Faz sentido que Poseidon tenha deposto seu pai Cronos!

A energia neptuniana é caracterizada por uma erosão dos limites do espaço e do tempo. Nos reinos de Neptuno não há prazos saturninos ou cronómetros. Na sua expressão mais positiva, há sim uma unidade com Deus, com a natureza, uma experiência mística de sentimentos e sensações felizes. Numa expressão negativa Neptuno representa o escape à realidade, por vezes com a ajuda de drogas e álcool.

O planeta Neptuno passa 14 anos em cada signo zodiacal, por isso gerações inteiras têm- no no mesmo signo. Assim o signo é menos relevante para a interpretação astrológica do que aspectos a outros planetas pessoais e localização na casa.

Porém, enquanto deslizava no lago Washington, o meu olho astrológico não pode deixar de observar que o meu Neptuno natal é em Balança, signo da paz, da beleza e do equilíbrio. O seu único aspecto é a Vénus, regente de Balança reforçando o arquétipo. Andar de paddle board requer equilíbrio e a paisagem era de grande calma e beleza. Para completar o quadro astrológico, o meu Neptuno está na casa 9 da aventura, da liberdade, do estrangeiro. Uma sexagenária a andar sobre a água longe de casa encaixa perfeitamente. A astrologia é assim: os símbolos retratam a vida.

Olhe para o Neptuno no seu mapa astral, observe a casa, os aspectos que faz e reflicta sobre o que constitui o seu próprio paraíso, procure-o, goze-o, porque todos nós precisamos de um escape temporário à realidade. Mas não se perca lá, volte recarregado!

por Luiza Azancot - membro nº 15


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