Resposta da Aspas-Associação Portuguesa de Astrologia ao Artigo desajustado” Como é possível ainda haver horóscopos nos jornais?”

Resposta enviada por email, dia 16 de maio de 2016 a respetiva direção do Magazine Noticias Podem consultar o artigo aqui: http://www.noticiasmagazine.pt/2016/como-e-possivel-ainda-haver-horoscopos-nos-jornais/ 

Exmos/as Senhores/as Direção Editorial – do Magazine Noticias 
Autor: David Marçal Assunto: Artigo desajustado” Como é possível ainda haver horóscopos nos jornais?” 

Exercendo o direito de resposta que a Lei nos confere, artigo 24º e 25º da Lei da Imprensa, como presidente da ASPAS (Associação Portuguesa de Astrologia) é meu direito e dever comentar o texto escrito pelo autor David Marçal, publicado no dia 15 de Maio de 2016, no Noticias Magazine, intitulado "Como é possível ainda haver horóscopos nos jornais?", por este colocar em causa a Astrologia enquanto saber, os astrólogos enquanto profissionais respeitáveis e a dignidade do público que beneficia dos seus serviços, contribuindo acima de tudo para a desinformação sobre um tema que, já de si, é maltratado pelos estereótipos e equívocos que distorcem o que é verdadeiramente a Astrologia e sobre que princípios e fundamentos esta assenta enquanto corpo de conhecimento milenar. 
Assim, com este comentário procuro esclarecer o autor bem como os leitores apontando para um conjunto de factos que foram apresentados sobre a Astrologia. Esta situação é tanto mais grave quanto se verifica que o Sr. David Marçal é ele mesmo um homem da ciência, que utiliza os órgãos de comunicação social, imbuído dessa autoridade científica, escrevendo sobre um assunto que obviamente desconhece, mostrando a falta de fundamentação e pesquisa sobre o tema que procura criticar. 
Desde já identificamos no seu texto, o que não corresponde à verdade ou se apresenta como uma distorção grave: 
 1) Logo no início é tomado o exemplo de um caso particular - do astrónomo Kepler - para alegar que os astrónomos apenas usavam a Astrologia porque esta era uma fonte de rendimento, fazendo uma generalização abusiva, uma vez que, no período da separação entre a Astrologia e a Astronomia, muitos astrónomos praticavam Astrologia com toda a seriedade, crendo firmemente no valor dos seus princípios, tomemos por exemplo o caso de Newton. 
 2) Depois o autor refere que só se deram grandes descobertas apenas quando a astronomia se separou da astrologia, alegando que a partir daí conseguiu-se, entre outras descobertas, prever os eclipses. Porém, isso é falso, porque já no século IV a.C. os babilónios, povo que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da Astrologia, eram capazes de prever eclipses lunares e solares, como igualmente já tinham dividido o ano em meses, os meses em semanas e as semanas em sete dias, elaborando-se as bases em que assentariam os modernos calendários e que, como sabemos, representam uma grande utilidade para a atualidade. 
 3) Mais adiante, o autor faz referência a noções de gravidade e consequentemente a um pensamento de causa-efeito para anular a credibilidade da Astrologia quando, em verdade, grande parte dos astrólogos explica a astrologia por mecanismos de correspondência, em que os astros espelham aquilo que nós somos apenas, sem influência. Este ponto pode ser percebido quando nos vemos a um espelho ao longo do dia e vemos as mudanças que ocorrem no nosso rosto, a conclusão é que não é o espelho que provoca as mudanças, ele apenas as sinaliza e coloca-as em evidência. Isto, no entanto, não invalida que não possa existir uma relação de causa-efeito, pois só porque não as descobrimos hoje não quer significar que esta não existe e que possa ser futuramente explicada. 
 4) Depois é referido, erradamente, que as bases astronómicas da Astrologia se encontram erradas e para tal o autor alega a precessão dos equinócios. O que o autor evidentemente não sabe é que a Astrologia Ocidental não utiliza para as suas interpretações as constelações como referência, mas antes estabelece o seu zodíaco a partir do ponto vernal, obtido matematicamente, que indica o início da Primavera, nos 0º do signo de Carneiro, dividindo depois a faixa zodiacal em 12 fatias, cada uma delas com 30º graus que irão constituir os restantes signos zodiacais. Assim, como se percebe, a Astrologia Ocidental não utiliza as constelações, pelo que o problema da precessão dos equinócios é um falso problema. É na Astrologia Védica que encontraremos uma prática astrológica assente nas constelações e logicamente que nesse sistema é tido em conta esse movimento, mas igualmente em 12 fatias. 
5) Um outro equívoco do autor, que aliás é extremamente comum de encontrar, diz respeito a considerar a Astrologia de jornais e das revistas, com o signo solar, como a verdadeira Astrologia, quando a grande maioria dos astrólogos profissionais não se revê na simplicidade abusiva dessas descrições que, em muitos casos, são até escritas por pessoas que profissionalmente nada têm que ver com a nossa área. A Astrologia evidentemente não se baseia somente no signo solar porque o signo solar é apenas um porção do mapa bastante relativa e muito depende de outros elementos contextuais evidenciados na leitura de um mapa astrológico, a ferramenta de trabalho de um astrólogo. 

Da nossa parte, sentimos a legitimidade de fazer a exigência, a bom do rigor do que se pretende discutir, que se estude mais aprofundadamente aquilo que se pretende criticar, nomeadamente, como se é de esperar para qualquer área de conhecimento, tirando uma formação que, no caso da Astrologia, é de no mínimo 250 horas. 
A Aspas - Associação Portuguesa de Astrologia continuará a esforçar-se para divulgar e esclarecer não são quem nos critica como o próprio público, contribuindo para uma maior compreensão dos fundamentos da Astrologia, como também da ação crucial que os astrólogos podem desempenhar pelo fruto do valor do seu trabalho que tão amplamente tem sido reconhecido por um pronunciado e crescente interesse do público geral e no seguimento dos esforços realizados pela associação nestes últimos anos. Falamos de pessoas de várias idades, de vários estudos, constituindo uma comunidade de interessados, estudantes e profissionais que se preocupam em conhecer e divulgar uma outra forma de estar para com a vida, com mais significado, e oferecendo outros modelos explicativos da realidade. Pois aquilo que define ciência, naquilo que é essência da palavra, é o ato de conhecer e a Astrologia comporta, em toda a sua profundidade, um corpo valioso de conhecimentos que descreve o ser humano, que o descreve por interação com o seu meio e aponta, previsivelmente, a orientação do seu crescimento enquanto individuo que se auto-constrói e atribui significado às suas vivências. 

Assim, terminando, em vez de contribuirmos para maior desinformação, ainda para mais quando na atualidade somos todos engolidos por vários estímulos e informações que não sabemos se são verídicas ou não, seria de todo desejável maior objetividade e rigor naquilo que transmitimos aos outros e que é tanto mais evidente quando possuímos um estatuto que nos confere autoridade e um meio de comunicação privilegiado. 
Possamos respeitar o trabalho e o esforço dos outros, mesmo não concordando com as suas ideias ou visões da realidade, apresentando desde logo os factos tal como eles são e não cedendo à tentação de distorcer em função dos ideais em que se acredita ou com base na própria ignorância. A Astrologia é um saber ancestral, mas ancestralidade não significa que não tenha princípio de realidade. 

Convidamos o autor a participar nos eventos, encontros, formações dos nossos membros/associados assim como dos da Aspas-Associação Portuguesa de Astrologia, referindo a grande oportunidade que poderá ter no 1º Congresso Internacional de Astrologia que se irá realizar nos dias 24/25 e 26 de fevereiro de 2017 no Fórum da Maia. 

Para que possamos continuar a respeitar o precioso trabalho de ambas as partes, deixamos um alerta ao acima exposto, de forma a contribuirmos para o esclarecimento de ambas as atividades em prol de uma sociedade bem informada. 

Fica o meu sincero convite. 
Os melhores cumprimentos 
Isabel Guimarães Presidente

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