Sina, karma, predestinação familiar


Diário de uma astróloga – [32] – 15 de Agosto de 2012
por Luiza Azancot - Membro nº 15

Sina, karma, predestinação familiar

Decidimos por à venda a nossa casa de Cape Cod. O meu marido e eu comprámos esta casa para podermos estar com filhos e netos em férias, gozar a praia e todos os desportos náuticos que praticamos. Nove Verões depois a situação mudou: agora todos nós vivemos longe da costa leste dos Estados Unidos e não faz sentido ter aí uma casa. Mas eu estou cheia de pena porque me dediquei muito a esta casa…  mais do que a qualquer outra: tanto às obras, como ao jardim mas sobretudo à ideia de acolher a família, de ver meus netos voltarem todos os anos, de construir recordações comuns.

A astrologia ensina que na maior parte das famílias há um tema recorrente, quase sempre vivido como conflito, que se propaga de geração em geração até estar resolvido. Na nossa família esse conflito é simbolizado por um aspecto entre a Lua (mundo emocional, raízes, casa, necessidade de estar próximo de quem nos quer bem, ser maternal) e Úrano (libertação, ruptura, mudança e a perspectiva que vem com o abalar do status quo). A Lua representa a energia com a maior necessidade de ligações afectivas e Úrano a que tem maior despego emocional. Os aspectos entre estes dois planetas são difíceis de gerir a nível psicológico sobretudo a conjunção (angulo 0⁰), a quadratura (angulo 90⁰) e a oposição (angulo 180⁰). Na nossa família temos:
O meu marido e eu a Lua conjunta com Úrano. Fazendo a nossa carta como casal – carta composta – a ligação entre eles mantem-se mas agora com um angulo de 180⁰. Por isso não admira que na nossa vida de casados tenhamos mudado de pais ou de cidade ou de casa mais de doze vezes.  
Os meus filhos  têm a quadratura entre a Lua e Úrano. Efectivamente foram desenraizados em criança quando nos mudamos de Lisboa para Rhode Island. Agora adultos estão também a seguir uma vida de mudança de cidade e de casa.
Três dos meus seis netos têm a oposição entre a Lua e Úrano. E mesmo um que não tem mas é sensível perguntava ontem de lagrimas nos olhos: “Avó, para o ano voltamos, não é?” 

Sabendo isto tudo porque cargas d’agua me convenci que podíamos ter uma casa familiar com algum grau de permanência? A resposta é simples: Quando fiquei avó perdi toda a racionalidade, e a vontade de estar próximo dos meus netos, de lhes proporcionar férias agradáveis debaixo do nosso tecto foi tal (Lua) que fingi que Úrano não nos afectava. A energia de Úrano não pode ser ignorada por muito tempo. Quem a tem muito presente na carta (em aspecto ao Sol, Lua ou Ascendente) vive-a de uma forma mais ou menos constante e tem que arranjar forma de a integrar e nunca de a ignorar.

Retomando uma perspectiva astrológica e para confirmar a decisão de venda olhei para carta do céu do momento da compra da casa. Esta carta representa a entrada da casa na nossa vida. O ascendente em Caranguejo, signo regido pela Lua e relacionado com a família, tem Saturno muito próximo. Simbolismo perfeito: ao comprar a casa nós estávamos a actuar como “pater familias” (Saturno) relativamente à nossa descendência (Caranguejo). Agora a posição dos astros mudou e Úrano por trânsito está a fazer uma quadratura ao Saturno e Ascendente, simbolizando a necessidade de alterar a estrutura (Saturno) que criamos à volta desta casa. Uma quadratura representa um conflito por isso esta decisão está-me a custar bastante.  

Mas não há nada a fazer, porque além da quadratura de Úrano, Plutão (a energia mais forte do zodíaco) está ao mesmo tempo a fazer uma oposição ao dito Saturno e Ascendente. O que o Universo nos indica para esta época  não é só uma mudança mas também uma transformação total desta casa, isto é vender. Em termos da família, temos que encontrar novas maneiras de estarmos juntos, de reinventar o nosso papel de progenitores esperando que o que fizemos até agora tenha sido um bom exemplo.

O que vale é Júpiter, símbolo da facilidade e da abundancia que está em trânsito sobre Vénus da carta da compra da casa. Vénus significa dinheiro por isso financeiramente pode não ser um desastre total, apesar da crise imobiliária. Como dizia a minha avó (ela também com possuidora de um angulo incomodo entre a Lua e Úrano de 150⁰) “mais vale chorar sentada num bom sofá do que chorar sentada numa cadeira de pau”.

Mais sobre o “choro” no próximo post.

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