por Luís Resina - membro nº 22
Para mim esta questão resume-se
ao seguinte: a ciência tal como a conhecemos hoje em dia, ainda não chegou ao
ponto de perceber os pressupostos que estão na base do conhecimento
interpretativo da Astrologia. Com isso não estou a falar da Astrologia popular
dos signos e dos horóscopos dos jornais e revistas que carecem de real
substância.
A Astrologia que me refiro é
aquela que foi praticada por alguns dos sábios da antiguidade até à das escolas
da Astrologia Humanista nos Estados Unidos e França, passando pelas escolas da
Astrologia Teosófica Inglesa do princípio de século XX e pelas escolas de
Astrologia Psicológica desenvolvidas com base em Carl Jung, para apenas nomear
algumas das correntes mais significativas.
Até ao momento não conheço nenhum
cientista, que tenha estudado bem as bases técnicas e simbólicas da astrologia
que são o suporte da arte interpretativa. Se a Astrologia é uma ciência ou não
o tempo o dirá. Mas uma coisa é certa, o método científico pode ser utilizado
no estudo e na investigação astrológica, independentemente de sabermos se há
uma emanação real de fluidos estelares, de correntes eletromagnéticas, de energias
planetárias, ou de conceitos e arquétipos que sobrevivem no nosso inconsciente
colectivo. As leis da simpatia e da ressonância magnética ainda estão longe de
ser provadas, embora a física quântica já tenha aberto o caminho para essas
possibilidades. Há porém, um outro estudo que não pode ser desprezado, que é o
dos ciclos planetários e suas configurações geométricas e aspectos angulares
com o planeta Terra no conjunto orbital de cada planeta à volta do sol. Estes
ciclos são científicos na acepção que este conceito tem hoje e podem ser medidos
e avaliados tal como se faz hoje em dia com o estudo dos ciclos económicos e da
Bolsa. Relacionar uma cadeia de aspectos e posições planetárias com um significado
humano ou material, faz parte de uma arte interpretativa ancestral do ser humano,
na relação com o meio ambiente no qual ele se move e tem o seu ser.
A ciência experimental baseia-se
no número e na repetição de fenómenos para validar o conhecimento objectivo, a
arte interpretativa qualifica e insere significado no conjunto das
experiências que interagem com o ser humano promovendo assim o conhecimento
subjectivo. Quer uma e outra experiência fazem parte daquilo que designamos
como realidade, esta expressa-se quer pelo tempo objectivo exterior quer pelo
tempo subjectivo individual.
Nas técnicas subjacentes à
linguagem astrológica temos também o fenómeno cíclico, e como existem leis e
regras nestes ciclos estamos aqui a lidar com o domínio científico. Estes
ciclos podem ser nomeados, por exemplo, o planeta Urano volta ao seu ponto de
origem passado 84 anos após uma passagem por um determinado ponto do céu à nossa
escolha; mas quando acrescentamos explicações relacionadas com a suposta energia
ou influência deste planeta estamos no campo do prognóstico, da semântica e no domínio
das possibilidades.
Sabemos desde Einstein que o
observador participa na experiência e com a física quântica há quem arme que
nós somos co-criadores da nossa realidade. Tudo isto é domínio de uma ciência
emergente que tal como um bebé ainda está a dar os seus primeiros passos.
Sabemos porém, que os modelos científicos até Newton, só se encaixam no
domínio da quantificação, medida e peso presentes no mundo tridimensional.
A Astrologia lida com outro tipos
de leis, tal como a sincronicidade, que até ao momento ainda não foi muito bem
compreendida. A influência astral intuída pelos antigos começa a ser hoje
defendida por alguns astrofísicos siberianos e por algumas personalidades da
nossa esfera cultural. Os próximos tempos irão ser bastante reveladores nestas
matérias, até lá, a Astrologia e Astronomia serão duas disciplinas do saber com
métodos e propósitos distintos: a Astronomia como ciência visa o que é palpável
e quantificável no espaço sideral, a Astrologia visa o inexplicável a partir dos
movimentos dos astros e todo o tipo de correlações e significados que isso
possa trazer à psique humana.
Chegamos agora a um dos pontos
cruciais: o que é hoje a Astrologia, e para que serve?
Os novos Biólogos têm vindo a
realçar a existência no cérebro humano de dois hemisférios: o Hemisfério
Esquerdo relacionado com a lógica, com a lei de causa e efeito, com o tempo
linear, com os métodos assentes na razão, na repetição e na estatística e o
Hemisfério Direito associado à intuição, ao sentimento, à criatividade, ao
pensamento analógico, à lei da sincronicidade, aos Hologramas, ao atemporal, ao
sentido, às coincidências significativas.
A Astrologia é uma linguagem
holística que trabalha e ajuda a unir os dois hemisférios. O estudo dos ciclos
astrológicos apresenta uma nova leitura sobre a Ordem e o Caos, da amiba ao
Homem, da Natureza à Sociedade, todos estamos sujeitos ao fluir da Energia
Universal.
A prática Astrológica desenvolve
a intuição ao mesmo tempo que promove o estudo da ciência. A Lei da Simpatia e
das Correspondências pode ser entendida à luz da relação entre a teoria das
probabilidades e a lei da Sincronicidade. Assim, as Leis esotéricas do passado
revelam-se hoje nas Novas Descobertas Científicas.
Quer ao nível da física quântica,
da psicologia Jungiana ou Transpessoal, podemos encontrar os mesmos princípios,
desde que saibamos ler os sinais presentes no mundo das aparências.
A Astrologia herdeira da
Mitologia, tem o papel de “re-ligar” o Homem ao conjunto dos saberes ancestrais
que revelam a dinâmica do Micro com o Macrocosmo, tal como os hologramas, o
mapa do céu é uma estrutura aberta que permite aceder ao código impresso no
movimento do Todo.
*Artigo publicado no
Jornal Astrológico da ASPAS – Nº1 - Julho a Setembro 2012 - pág. 27
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