O privilégio de ser astróloga

Diário de uma astróloga – [48] –27 de Março de 2013
O privilégio de ser astróloga
por Luiza Azancot - membro nº 15

A minha profissão é frequentemente alvo de troça, de marginalização e mesmo de condenação à morte, normalmente numa fogueira. Lembro-me disto cada vez que passo pela estátua de Giordano Bruno (morreu queimado) no Campo de’ Fiori em Roma. 
Num acontecimento menos grave mas revelador, há dias ouvi na televisão um conhecido comentador político e professor universitário português insinuar que o astrólogo é um adivinho ou um charlatão. Esta opinião é muito comum por duas razões: 
 a) ignorância sobre o significado e conteúdo da astrologia, confundido a verdadeira linguagem dos astros com as banalidades difundidas pelos horóscopos publicados em jornais e revistas e opines de pseudo-astrólogos. 
b) ou porque subscrevem sem pensamento critico a posição da Igreja e da ciência cartesiana, cujos motivos para atacarem a astrologia não são muito diferentes. Astrologia sempre fez parte do conhecimento humano, foi ensinada nas grandes universidades europeias até 1660. 
Depois foi banida do ensino oficial mas continuou viva na grande ciência. Diálogo entre Sir Isaac Newton e Sir Edmond Halley (o do cometa): 

Halley: Why do you believe in Astrology? 
Newton: I have studied the subject, you have not. 






 Sir Isaac Newton


Einstein com a teoria da relatividade e a física quântica que provou que o observador afecta a observação deram punhaladas no cartesianismo. Mais recentemente o físico David Bohm com a teoria da “ordem explícita e a ordem implícita” apoia a sincronicidade entre fenómenos cósmicos e humanos. A ideia de um cosmos com significado fica mais aceitável quando os físicos, expoentes do mundo material, a suportam com equações. Pertenço a uma elite minúscula – são 130 os astrólogos que como eu superaram o exame máximo da National Council for Geocosmic Research dos Estados Unidos - e a um grupo mais alargado de privilegiados que são os astrólogos com uma formação séria de longos anos de estudo. 
Desde que iniciei este percurso, a minha vida ganhou uma dimensão mais rica em vários aspetos. Por exemplo: 
Espiritual – com a astrologia estou mais próxima do Universo o que só me tem aproximado do divino, quer se chame Deus ou qualquer outro nome. 
Intelectual –a astrologia deu-me uma lente para interpretar fenómenos históricos. Disponho de instrumentos para perceber tanto o aparecimento das religiões monoteístas (através dos ciclos da precessão dos equinócios) como o 11 de Setembro de 2001. Este terrível acontecimento deu-se quando Saturno (estruturas) estava no signo de Gémeos (Twin Towers) em oposição a Plutão (terroristas) no signo de Sagitário (religião). 
Claro que senti um grande golpe sobretudo porque estava a viver em Washington mas …“Understanding does not cure evil, but it is a definite help, inasmuch as one can cope with a comprehensible darkness.”C. G. Jung. 
Político – ao perceber o momento presente, o “zeitgeist”, e enquadrar a actual crise em ciclos cósmicos mais amplos terei uma possibilidade de ser mais interveniente. 
Artístico e Literário – sentir o porquê da música de Chopin e de Beethoven ligando a sua criatividade ao seu tema natal; apreciar totalmente as facetas de Fernando Pessoa; perceber como os demónios pessoais de George Lucas encontram expressão na Guerra das Estrelas. Prático – ao alinhar as minhas tarefas, viagens, decisões com os ciclos planetários tenho-me tornado mais eficiente o que é importante para uma pessoa com Sol e Lua na casa 6 e Saturno em Virgem a reger o ascendente. 
Pessoal – a astrologia tem sido o meu veículo de auto conhecimento. É óbvio que não me livrei dos lados sombra da minha personalidade e que muitas vezes reajo excessivamente porque me tocam nos botões a que se chamamos complexos. Freud dizia que aos sonhos são a “via reggia” do inconsciente; na astrologia encontrei a minha “via reggia”para minimizar o ego, ser mais consciente, ser menos marionete. Ajuda-me também a aceitar quem sou e a descobrir o meu propósito nesta vida.
Relacional – com a astrologia compreendo melhor os outros, pais, marido, filhos, netos, amigos, colegas e clientes. Posso humildemente pensar que na medida das minhas limitações os ajudo nos seus percursos. 

Tão precioso é o privilégio de ser astróloga que ouvir comentários desprestigiantes é um pequeno fardo que vem por acréscimo. O grande fardo não vem da sociedade mas sim de saber que apesar desta lente astrológica a minha área de actuação é limitada e não posso impedir de sofrer as pessoas que amo. Mas até nessas alturas tenho um privilégio: posso antecipar (não prever) quando e porquê precisam de mim e disponibilizar-me. 

Comentários

  1. Sinceramente - eu penso que prefiro a troça. É melhor que a fogueira. Também não me agrada a ideia de ir ao astrólogo para Tudo, como em certos países. Lembro-me de uma notícia, há um ano ou dois, em que um astrólogo (algures na Ásia, onde estes assuntos são levados muito a sério), um astrólogo, dizia, foi preso porque na previsão dele o político que se recandidatava não iria ganhar. O político não gostou. Resultado: o astrólogo foi de cana. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Prefiro a troça. E vou começar a ter medo quando, na nossa sociedade, começarem (as autoridades) a perceber Realmente o poder da Astrologia. Penso que na ignorância (deles) nós continuaremos seguros. Mas tenho a leve (leve) desconfiança de que as coisas vão mudar significativamente quando Plutão transitar por Aquário.

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  2. Bom dia! Em relação ao tema proposto, o que se me oferece dizer é que não podemos desvalorizar o facto do comentador em questão se estar a referir criticamente (não sei se sinceramente) ao ministro das finanças. Em relação à infeliz comparação, só revela ignorância e falta de sensibilidade para com essa ciência.Certamente que se referia a alguns pretensos astrólogos que, na realidade, não o são. Se ao menos tivesse comparado com o polvo Paul. Poderia também ter feito a comparação em relação a um advogado, uma vez que há tantos advogados conhecidos (ou, pelo menos, mediáticos) que estão envolvidos em vigarices e crimes maiores. Comparar uma pessoa um palhaço também é recorrente o que também é ofensivo para os palhaços. Enfim, digamos que em matéria de exemplos o comentador foi redutor e imprudente, no mínimo.

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